Muitos garotos, no Brasil e no mundo, sonham em se tornar jogador de futebol. Mas grande parte pensa que esta vida é fácil e com muitas mordomias. Pode aparentar ser assim, mas não é. Muitas vezes é preciso ter paciência e determinação para que o sonho se torne realidade.
No futebol de várzea não é diferente. A várzea é um lugar onde falta estrutura, investimento, porém continua sobrevivendo no país inteiro e continua sendo um universo rico. Nela se encontra uma história de amor, de superação, ou seja, em que o foco não é o dinheiro nem a fama, mas a bola, sendo o principal personagem. E através deste personagem surgem os sonhos de vários garotos, como o sonho em que se tornou realidade dos jogadores: Romário, Basílo, Serginho Chulapa, Leandro Damião.
No bate-papo com o atacante Danilo Dias, jogador do Marítimo de Portugal, e que teve passagens por Goiás e Ipatinga, o atleta falou um pouco de sua passagem na várzea e sobre o sonho de ser um jogador, que foi realizado.
Confira lances do Danilo no vídeo!
Bola da hora: Conte-nos um pouco sobre quando era jogador no futebol de várzea.
Danilo Dias: Comecei a jogar futebol na rua de casa, na cidade Ceres-GO, uma cidade do interior de Goiás. E depois me mudei para a capital, Goiânia-GO, e continuei a jogar em campos de “terrão”, mas graças a Deus, deu tudo certo. Jogar em campos assim é muito ruim, pois existem umas rivalidades individuais, um quer ser mais forte que o outro, acontecem ameaças constantes, joga com jogadores mais velhos. Praticamente não existem regras, às vezes o arbitro tem que adaptá-las porque senão ninguém sai vivo. (Risos)
Bola da hora: Passou por dificuldades?
Danilo Dias: Graças a Deus não. Sempre estudei em escolas particulares, nunca passei fome, pois meus pais trabalharam muito para dar um estudo bom para gente, não tínhamos vida de luxo, mas nunca faltou estudo e comida na mesa.
Bola da hora: Como foi que chegou a um time profissional? Através de testes ou olheiros?
Danilo Dias: Cheguei à primeira vez em um time profissional foi no Goiás, depois de testes atrás de testes, onde eu tive que dar o meu máximo, pois tinha muitos melhores do que eu, dentro e fora de campo, pois nestas fases existem muitas influências, mas Deus me ajudou e assinei meu primeiro contrato com profissional aos 17 anos no Goiás.
Bola da hora: Sofreu preconceitos por ter vindo da várzea?
Danilo Dias: No futebol existem preconceitos e invejas constantes, mas eu sempre soube disto. Eu sempre procurei treinar bastante, nunca tive preguiça, para superar todos os preconceitos e as invejas, com muita fé e força. Por isso foi bom ter passado pela várzea, pois te dá forças para enfrentar os obstáculos da bola, ou seja, através da “malandragem.”
Bola da hora: Você sabe dizer a diferença entre os jogadores que vieram da várzea e dos que não vieram?
Danilo Dias: Acho que os jogadores que passam pela várzea, valorizam mais tudo ao seu redor, pois a maioria passa por dificuldades e crescem através delas.
Bola da hora: Você tem algum jogador como ídolo e que você saiba que ele também começou na várzea?
Danilo Dias: Meu ídolo no futebol é o Ronaldo, foi um jogador que vi jogar e admirei bastante. Sei que ele também passou dificuldades e venceu todas elas.
Bola da hora: Considera hoje, seu sonho realizado e o que pretende para seu futuro?
Danilo Dias: Meu sonho ainda não esta completo, pois creio que Deus tem algo ainda maior para mim. E sei que ainda vou jogar em um grande clube, e luto e dedico a cada dia para isso, pois tenho fé que vai acontecer. Mas só tenho que agradecer por ter conseguido estar onde estou, por ter assinado meu primeiro contrato em 2005, enfim realizei um sonho e ainda tem mais por vir.
Bola da hora: Se fosse para aconselhar os garotos que atuam na várzea, que tem um sonho igual ao seu qual era o conselho que daria?
Danilo Dias: O conselho que daria é o seguinte, lute contra as diferenças e contra todos os obstáculos. Para chegar ao primeiro contrato profissional passa por muitas dificuldades, mas é preciso ter mais do que nunca fé e determinação, pois através delas você passa por cima destes obstáculos e vai para onde o seu sonho lhe permite.
Créditos: Jéssica Meireles
